A Maçonaria brasileira tem suas raízes no final do século XVIII “A Era das Luzes”, período em que diversas sociedades secretas começaram a ganhar força como espaços de debate político e filosófico. Os primeiros registros formais remontam a 1797, com a fundação da Loja Cavaleiros da Luz, na povoação da Barra, em Salvador, Bahia. Nos anos seguintes, surgiram outras Lojas, como a Loja União, em 1800, e a Loja Reunião, em 1801, ambas no Rio de Janeiro. No entanto, foi apenas em 1822, com a crescente mobilização pela Independência do Brasil, que a Maçonaria estruturou sua primeira Obediência com jurisdição nacional, com o objetivo claro de influenciar politicamente o país.
O primeiro passo nessa direção foi a instalação do Grande Oriente Brasílico, em 28 de maio de 1822, um precursor do Grande Oriente do Brasil – GOB. Esse movimento representou um esforço inicial para consolidar a organização maçônica em território nacional e articular ideias iluministas e libertárias entre seus membros. Apenas semanas depois, em 17 de junho de 1822, ocorreu a fundação do Grande Oriente Brasileiro, mais tarde denominado Grande Oriente do Brasil, consolidando-se como a principal entidade maçônica do país.
A estruturação do GOB se deu a partir da união de três Lojas Maçônicas do Rio de Janeiro: Commercio e Artes na Idade do Ouro, União e Tranquilidade e Esperança de Niterói, esta última resultante da divisão da primeira. Entre os líderes maçônicos desse momento estavam José Bonifácio de Andrada e Silva, ministro do Reino e de Estrangeiros, e Joaquim Gonçalves Ledo, um dos principais articuladores da independência.
Apesar do protagonismo da Maçonaria na independência do Brasil, disputas internas marcaram os primeiros anos do GOB. Em 4 de outubro de 1822, José Bonifácio foi substituído no comando do Grande Oriente Brasileiro por Dom Pedro I, que assumiu o título de Grão-Mestre sob a denominação de Irmão Guatimozim. No entanto, a rivalidade entre os grupos de José Bonifácio e Gonçalves Ledo, somada à instabilidade política do período, levou Dom Pedro I a suspender os trabalhos do Grande Oriente Brasileiro, em 25 de outubro de 1822.
Durante esse período de suspensão, a Maçonaria brasileira, enquanto instituição organizada, praticamente desapareceu. Somente em 1831, após a abdicação de Dom Pedro I, a Maçonaria ressurgiu com a fundação do Grande Oriente Brasileiro, também conhecido como Grande Oriente do Passeio, sob a liderança do Senador Vergueiro. Esse novo Grande Oriente acumulou importantes reconhecimentos internacionais, incluindo o Grande Oriente da França, da Itália e o Lusitano, além de fundar um Grande Oriente Provincial de São Paulo, em 1833, que teve curta duração.
No entanto, esse renascimento da Maçonaria brasileira deixou muitos irmãos de fora, gerando insatisfação. Isso os levou a reativar o Grande Oriente do Brasil (GOB) sob a liderança de José Bonifácio, que anos antes era simpático a fechar a organização.
Com o ressurgimento do GOB, em paralelo ao Grande Oriente do Passeio, a Maçonaria brasileira passou por diversas divisões. Em 1873, o GOB criou a Grande Loja Provincial de São Paulo, que deixou de existir em 1879. Esta foi posteriormente substituída pela Grande Loja do Estado de São Paulo (GLESP-GOB), fundada em 1891.
Ao longo do século XIX e XX, o Grande Oriente do Brasil teve papel ativo na sociedade brasileira, atuando na campanha abolicionista, com figuras como Visconde do Rio Branco e Eusébio de Queiroz, e influenciando a Proclamação da República, com Marechal Deodoro da Fonseca à frente do movimento.
<span;>Na República Velha, diversos presidentes do Brasil eram membros ativos da Maçonaria, incluindo Floriano Peixoto, Campos Salles, Hermes da Fonseca e Washington Luís. Durante o século XX, o GOB também apoiou a redemocratização, lutou pela anistia de presos políticos e incentivou as eleições diretas, demonstrando sua influência nos momentos decisivos da história nacional.
A trajetória do Grande Oriente do Brasil, desde sua fundação em 1822, sua dissolução e renascimento em 1831, e suas diversas reorganizações ao longo dos séculos, reflete a influência da Maçonaria na construção do país. O Grande Oriente Brasílico serviu como precursor, mas foi o GOB que se consolidou como a maior Obediência Maçônica do Brasil.
Seu legado continua vivo, mantendo os valores de liberdade, igualdade e fraternidade, que foram fundamentais na formação da sociedade brasileira.
Colaboração:
Poderoso Irmão Édson Roberto Gomes
Secretário Adjunto de Educação e Cultura do GOB-MS
Grande Oriente do Brasil – MS
Tradição e União em busca da Perfeição!
Secretaria de Comunicação
e Informática – GOB-MS