Basta ver no interior de um ônibus, idosos, grávidas e deficientes ficam em pé, enquanto jovens cheios de saúde, que estão sentados, ali permanecem numa boa. Esquecem as boas maneiras que não custa um vintém a ninguém. Um dia eles poderão atingir a velhice ou ficar inválidos e ter que depender de terceiros. Na vida tudo pode acontecer.
Atualmente, quase tudo está ao alcance das mãos do homem. De dentro de casa ele pode comandar, comprar e exercer muitas atividades sem ser preciso pôr os pés para fora do portão, aparentemente com mais tranquilidade. Porque nem mesmo nas residências estamos mais seguros.
Mas, antigamente, e não faz muito tempo vivíamos mais tranquilos, imperava o respeito pelo próximo, independente da classe social. Todos tinham noção do seu potencial e, davam o passo conforme o tamanho da perna.
A começar na família. Não tínhamos certas facilidades existentes no dito tempos modernos. Talvez por isso valorizavam-se as conquistas, bem como, aprendia-se nas derrotas.
Aos pais, aos avós, aos velhinhos nos dirigíamos sempre dizendo: senhor ou senhora, em especial depois das palavras pai e mãe. Por exemplo: pai o senhor deixa eu jogar futebol? E, era normal ele dizer: “Só após o término da tarefa”. Tratar os pais por tu ou você jamais. Era senhor e senhora para cá e para lá. E o tratamento de tio e tia, era tão somente usado para os irmãos dos pais.
A disciplina e a hierarquia tinham início na família. Conforme os olhares dos pais, já sabíamos se estava bom ou ruim para o nosso lado. E, mesmo assim a gente aprontava. Éramos criativos, sem ser mal educados.
A escola era como se fosse uma extensão da nossa casa. Lá ficávamos algumas horas e, às vezes o dia inteiro, durante o horário comercial. A gente admirava os professores, e a profissão de professor fazia parte do seleto grupo de profissões mais escolhidas pelos estudantes na sequência dos estudos para formação profissional.
E, as aulas iam de segunda-feira a sábado. Nos sábados aprendíamos trabalhos manuais, canto e outras manifestações culturais. Havia civismo e não somente durante os jogos pela Copa do Mundo. Cantávamos hinos e outras canções sob a regência de professores qualificados na arte do canto e da música.
Ninguém se arriscava a querer enfrentar os professores. Se assim fizesse corria o risco de reprimendas. Para o caso de enfrentamento tinha que estar bem calçado na argumentação, para não pôr tudo a perder.
Passados os anos fomos contemplados, surgiram leis que tornaram brandas as ações no ensino e nos lares, no dia a dia. A ponto de vermos seguidamente a imprensa divulgar agressões em professores e entre alunos.
Nas famílias, os pais têm que ter cuidado ao se dirigirem aos filhos, pois caso elevarem o tom de voz, poderão ser advertidos pelos próprios filhos. Do tipo: “… manera aí óh, ou então vou me queixar para o Conselho Tutelar”.
É está difícil.
A liberdade é relativa. Ela também tem e deve ser com responsabilidade. Abertura em demasia é prejudicial. Aliás, os extremos são prejudiciais.
Quem não aprende desde cedo as regras do jogo, tende a ficar a margem das decisões que envolvem o seu viver.
A sociedade precisa sair da letargia, do engodo. Precisamos de medidas firmes, pontuais, chega de tanta complacência.
O trabalho normal e respeitada a faixa etária (diferente de servidão), sempre foi um aliado dos jovens e das famílias. E, antes começava bem mais cedo, e adquiria-se costume com horários, obediência às chefias e dava tempo para tudo; trabalhar, estudar e lazer.
Não havia tantas crianças e adolescentes perambulando por aí, e a cada dia aumenta o percentual deles no mundo do crime, e por quê? Bem, um pouco já foi dito aqui e, é necessário nos unirmos para buscar soluções. Porque do jeito que está, a tendência é aumentar para pior, infelizmente.
Vamos abrir os olhos para a realidade, estamos a caminho do fundo do poço.
Nelson Vieira de Souza (Secretário Estadual de Educação e Cultura do Grande Oriente do Brasil – Mato Grosso do Sul – GOB-MS)